A essência do pensamento político



Fazer política não é exclusividade de um pequeno grupo de pessoas que se propõem a ganhar muito pelo pouco que trabalham e se aposentar integralmente depois de dois mandatos.

Fazer política é uma ação comum a todos, qualquer que seja sua profissão. Afinal, não se trata apenas de uma profissão mas de uma ferramenta para a sobrevivência e para a convivência pacífica.

A esposa que alega dor de cabeça para não fazer sexo — quando, no fundo, está apenas de saco cheio do marido — está sendo política: nega uma promessa de campanha nupcial e usa como motivo não a verdade, mas um argumento diplomático que lhe permite manter um eleitor assíduo e um cabo eleitoral sempre presente. Nunca se sabe quando a dor de cabeça vai passar...

Os próximos nomes são representantes historicamente importantes da arte de fazer política.

LOCKE (1632-1704)

Embora tivesse esse nome, John Locke não era totalmente maluco — embora não fosse completamente são.

Este filósofo inglês rejeitava as idéias inatas: acreditava que os nossos conhecimentos eram decorrência exclusiva de nossas experiências. De acordo com ele, o B.B.King não tinha um talento inato para a música, mas de ver os outros tocarem, ele acabou superando-os. Eu avisei que ele não era totalmente são...

Em seu livro Um ensaio sobre o entendimento humano (1690), Locke dizia que a sensação, ajudada pela reflexão, seria responsável pelo desenvolvimento de nossos conceitos.

Até que era uma boa teoria para um cara meio loque...

ROUSSEAU (1712-1778)

Não, ele não era russo. Era um escritor suíço de língua francesa.

Jean-Jacques Rousseau teve uma infância conturbada, marcada pela ausência do pai e da mãe e por uma educação circunstancial.

O seu Discurso sobre as ciências e as artes (1750) — a base de toda sua obra — foi o que lhe proporcionou o sucesso, decorrente da premiação pela Academia de Dijon.

Basicamente, Rousseau dizia que o homem nascia bom e era corrompido pelo convívio na sociedade. Por isso, todos deveriam buscar a “virtude primitiva” através do contato com a natureza e do isolamento. No caso dele, o isolamento permitiu que escrevesse suas melhores obras, preparando terreno para as mudanças políticas da Revolução Francesa e para o Romantismo.

Ou seja, só porque ele teve pais ausentes, viveu por conta própria e mesmo assim ficou famoso, acreditava que ninguém mais podia viver em harmonia. Aconteceu, daí, que o coitado ficou com complexo de perseguição quando envelheceu e morreu sozinho.

MAQUIAVEL (1469-1527)

O nome não significa que o cara podia ser maquiado. Maquia-vel era o historiador e político italiano, considerado o primeiro pensador político moderno. Nicolo Machiavelli — esse era seu nome de origem — foi diplomata e secretário da chancelaria de Florença, mas é mais conhecido por suas teorias de governo expressas em O Príncipe (1513), no qual fala sobre os modos de se atingir e manter o poder absoluto.

Sua máxima era: “os fins justificam os meios”. Em outras palavras, não importa o que você tenha que fazer para atingir um objetivo, desde que você o atinja. Por exemplo, se o seu objetivo é acabar com a fome das crianças abandonadas, basta executá-las a tiros, de modo rápido. Pelo menos, você evita que elas morram de fome.

O problema é que alguns ditadores acreditaram nessa teoria e a colocaram em prática por muitos anos...

ADAM SMITH (1723-1790)

Não precisa desejar saúde pois não se trata de um espirro. Smith é o sobrenome deste economista e filósofo escocês, considerado o pai da economia moderna, fundador da escola clássica de política econômica, sobretudo devido à sua obra-prima A Riqueza das Nações, de 1776.

Nesse texto, Smith — já disse que não espirrei — defende a tese de que o governo deve limitar suas funções à manutenção da lei e da ordem, impondo restrições mínimas ao comércio e aos preços, deixando que as leis naturais da economia se encarreguem desse controle. Assim, aumentaria a riqueza da nação que pratica essa doutrina, que recebeu o nome de lessez-faire. Essa expressão francesa vem do ditado “lessez-faire, lessez-passez; le monde va per lui meme”, que nada tem a ver com o nosso “aqui se faz, aqui se paga”. A expressão significa: deixe estar pois o mundo gira sozinho.

MONTESQUIEU (1689-1755)

Seu nome completo era Charles Louis de Secondat, Baron de la Brede et de Montesquieu. Se era “boiola” eu não sei. Sei que era nobre francês e recebeu de sua família duas importantes heranças: a carreira jurídica e uma fortuna enorme de um tio de Bordaux.

Particularmente, eu prefiro a segunda herança. Mas parece que a primeira contribuiu mais para a formação intelectual do rapaz, que exercia as funções de filósofo, escritor, historiador e jurista. Não, o tio do cara não era roxo, nem tinha aquilo roxo! Eu disse Bordaux, uma cidade da França, e não bordô, a cor!

Além disso, Montesquieu escreveu umas Cartas Persas, tirando um barato dos hábitos da sociedade francesa de seu tempo, atribuindo a autoria das cartas a viajantes persas pela Europa. No fundo, estava tentando tirar o seu da reta.

Mas sua maior contribuição para a cultura universal foi O Espírito das Leis. Não foi necessário participar de nenhuma sessão espírita, nem lançar mão de psicografia ou outra manifestação mediúnica qualquer.

O livro foi escrito por Montesquieu consciente e incorporado nele mesmo. O livro também não tem caráter religioso. Trata-se de um ensaio político comparativo sobre os três sistemas de governo — monarquia, república e despotismo — apresentado de forma mais clara e simples que o normal entre os filósofos. Como todo filósofo que se preza, Montesquieu foi fortemente influenciado pelas idéias de outra pessoa. Essa pessoa era Locke, aquele mesmo.

HOBBES (1588-1679)

Que cor eram os hobbies dele??? Não, você não está entendendo... Tomas Hobbes, filósofo, cientista e escritor inglês, tentava utilizar a ciência para explicar a natureza do homem e da sociedade e para descobrir as implicações da ciência na política. E ele também não era ladrão...

Sua mais famosa obra foi Leviatã (1651). Leviatã não significa “O Viadão” em francês. Leviatã é uma expressão bíblica para designar alguns monstros marinhos também presentes na mitologia fenícia. Pode também ser usado como sinônimo para baleia, na idéia do autor.

No livro, Hobbes faz uma analogia entre o Estado e a baleia, o maior ser vivo do planeta: apesar do tamanho, ambos requerem uma única inteligência no controle de seus movimentos. Cada um justifica o absolutismo do jeito que quer...

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